Banquete para poucos, casa para muitos, o Maranhão dividido entre o luxo dos Leões e a luta dos quilombolas
Enquanto 25 deputados estaduais desfilavam em um almoço regado a picanha e vinho na Cabana do Sol, em São Luís, para posar ao lado do sobrinho do governador Carlos Brandão, no interior do estado, o vice-governador Felipe Camarão fazia exatamente o oposto: entregava dignidade em forma de moradia a 50 famílias quilombolas no povoado Amapá dos Lucindos, em Nina Rodrigues.

Segundo bastidores, o evento dos parlamentares foi coordenado sob forte pressão dos leões e da Alema , que exigiram presença e fidelidade no ato político de apoio ao herdeiro palaciano “Orleões Brandão”. A imagem do grupo reunido num restaurante de luxo soou como escárnio à população maranhense, que assiste ao uso de mandatos para garantir um projeto familiar e pessoal de poder.
Do outro lado do Maranhão, Camarão representava o governo federal e o presidente Lula na assinatura dos contratos do Minha Casa Minha Vida Rural. O investimento de R$ 3,5 milhões garante novas moradias para dezenas de famílias que vivem há décadas em situação precária.

Enquanto uns comemoram a própria submissão com sobremesa gourmet, outros, como dona Maria das Neves, comemoram o maior presente que poderiam receber: uma casa. “Sempre tive fé que iria ganhar uma casinha. E agora ela veio”, disse, emocionada.