Washington Ribeiro Viêgas Neto, ex-chefe da Central Permanente de Licitação (CPL) da Prefeitura de São Luís, fez revelações bombásticas em uma audiência da CPI dos Contratos Emergenciais na Câmara Municipal, nesta quarta-feira (29). Viêgas afirmou ter alertado pessoalmente o prefeito Eduardo Braide sobre problemas na contratação emergencial da empresa Aroma & Sabor Alimentos Ltda., também conhecida como Pier 77, para fornecer serviços de nutrição e alimentação hospitalar por R$ 18 milhões.
A empresa vencedora, de propriedade de Arthur Henrique Segalla de Carvalho Pereira, ex-assessor de Braide, e Dmitrii Gainer, foi contratada para atender várias unidades de saúde, incluindo o Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II) e o Hospital da Criança. A contratação, realizada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus), levantou suspeitas devido à sua urgência e ao alto valor envolvido.
Viêgas, o primeiro a ser ouvido pela CPI após sua exoneração, relatou que discutiu diretamente com Braide as falhas na contratação. “Meu dever era informar o prefeito sobre contratações relevantes. A contratação da Aroma & Sabor Alimentos Ltda. era significativa devido ao seu valor e ao contexto eleitoral. Após alertar o prefeito, ele insistiu que o contrato fosse assinado, caso houvesse possibilidade jurídica”, declarou Viêgas.
Durante o encontro, Braide teria mostrado a Viêgas fotos das condições precárias de alimentação nos hospitais, justificando a urgência do contrato. “Ele [Braide] disse que a alimentação fornecida era precária e insistiu que, se houvesse base jurídica, o contrato deveria seguir adiante. Caso contrário, buscaríamos outra solução”, afirmou Viêgas, que posteriormente emitiu um parecer recomendando a abertura de uma sindicância na Semus para investigar a demora na realização do processo licitatório regular.
Além disso, Viêgas sugeriu que a contratação emergencial fosse válida apenas até a conclusão do processo licitatório regular. “Propus que a escolha do fornecedor e a cotação de preços fossem realizadas mediante dispensa eletrônica, um procedimento mais simples e transparente”, explicou. No entanto, Viêgas foi exonerado antes de saber se suas recomendações foram implementadas.
A exoneração de Viêgas e de outros 14 funcionários da pasta de saúde ocorreu poucos dias após a publicação do contrato na imprensa, levantando ainda mais questionamentos sobre a transparência e a legalidade do processo. As revelações de Viêgas intensificaram as investigações da CPI e colocaram o prefeito Braide em uma posição delicada, especialmente em um ano eleitoral.
O caso continua a ser investigado pela CPI, que busca esclarecer se houve irregularidades na contratação da Aroma & Sabor Alimentos Ltda.