A esperança do combate ao analfabetismo no Maranhão

A esperança do combate ao analfabetismo no Maranhão

 

“Não sou esper­ançoso por pura teimosia, mas por imper­a­ti­vo e históri­co. […] Não é, porém, a esper­ança de cruzar os braços e esper­ar. Movo-me na esper­ança, enquan­to luto, e se luto com esper­ança, espero”.

Relem­bran­do o ‘esper­ançar’ de Paulo Freire, rece­bi os dados do mais recente Cen­so Demográ­fi­co de 2022, divul­ga­do pelo Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE). O estu­do mostra que no Brasil a taxa de anal­fa­betismo caiu de 9,6%, em 2010, para 7,0%, em 2022. No Maran­hão, temos muito a cel­e­brar quan­to aos novos dados! Nesse perío­do, nos­so esta­do saiu do per­centu­al de 20,9 para 15,1%, atingin­do a menor taxa dos últi­mos 12 anos.

Os dados do IBGE apon­tam que obtive­mos uma que­da de 5,8 pon­tos per­centu­ais em relação ao Cen­so de 2010, colo­can­do o Maran­hão na ter­ceira colo­cação no rank­ing dos esta­dos com a maior redução do país, superan­do – inclu­sive – a redução no Brasil. E, é daí que vem a min­ha esper­ança, inspi­ra­da no ver­bo “esper­ançar” cri­a­do por Freire. “[…] movo-me na esper­ança, enquan­to luto”. Pois, é impos­sív­el negar que essa con­quista é fru­to do tra­bal­ho diário e incan­sáv­el real­iza­do pelo Gov­er­no do Maran­hão na área da edu­cação em todo o esta­do. Tra­bal­ho este que traz con­si­go inves­ti­men­tos que vêm sendo apli­ca­dos des­de 2015, na gestão do então gov­er­nador Flávio Dino, e que seguem sendo reapli­ca­dos e ampli­a­dos pela atu­al gestão na admin­is­tração do gov­er­nador Car­los Brandão.

Ao lon­go de quase uma déca­da, o Gov­er­no do Maran­hão tem con­cen­tra­do esforços para, grada­ti­va­mente, mel­ho­rar os índices edu­ca­cionais e pro­mover a edu­cação em todos os municí­pios maran­hens­es, com a implan­tação de pro­gra­mas e ações que car­regam em si metas e pri­or­i­dades desse propósi­to.

Den­tre eles, pos­so citar o Plano Mais IDH, que bus­ca reduzir a extrema pobreza e as desigual­dades soci­ais no esta­do. Nos dados apon­ta­dos pelo IBGE, dos dez municí­pios maran­hens­es a que apre­sen­tam a maior redução na taxa de anal­fa­betismo, sete estão inseri­dos no Plano, o que demon­stra que as ações exe­cu­tadas nestes municí­pios, entre elas pro­gra­mas de alfa­bet­i­za­ção com foco em jovens e adul­tos, foram frutíferas. Por­tan­to, devem ser comem­o­radas e con­tin­u­adas, já que para além de números, ess­es dados rep­re­sen­tam pes­soas, com suas histórias de vida e pri­vações, que con­seguiram o auxílio necessário para sair das trevas do anal­fa­betismo e encon­trar a con­ta­giante luz das letras.

Após décadas, quase 176 mil maran­hens­es, antes esque­ci­dos à margem das políti­cas públi­cas, ago­ra sabem ler e escr­ev­er, e podem realizar ativi­dades bási­cas soz­in­has, como ler um endereço, pegar um trans­porte públi­co ou ler uma recei­ta médi­ca.

O que a luz das letras pro­por­ciona para cada cidadão é imen­su­ráv­el. Ao lon­go dess­es 7 anos em que ten­ho a opor­tu­nidade de ser secretário de Edu­cação, muitas coisas me emo­cionaram nesse Maran­hão afo­ra. E com toda a certeza, den­tre elas, estão as cen­te­nas de pes­soas que con­heci por meio do “Sim, eu pos­so!”, Pro­gra­ma de alfa­bet­i­za­ção de jovens e adul­tos, exe­cu­ta­do pelo Gov­er­no do Maran­hão, em parce­ria com o MST.

Lem­bro-me bem, por exem­p­lo, de seu João da Paz, do povoa­do Jato­bá, em Itaipa­va do Gra­jau, que, aos 57 anos, foi matric­u­la­do em uma das tur­mas do pro­gra­ma. Após quase 6 décadas viven­do na escuridão do anal­fa­betismo, seu João se emo­cio­nou ao perce­ber que já sabia ler: “Eu fui faz­er uns exam­es, e quan­do rece­bi o resul­ta­do e con­segui ler, vi que tin­ha apren­di­do. Quan­do eu come­cei ler os primeiros nomes, eu chor­ei, ‘siô’, de ale­gria”, declar­ou seu João.

As histórias são inúmeras, sem­pre relatos, lin­dos e car­rega­dos de emoção! Mes­mo que nos­sa esper­ança não seja sufi­ciente, ela nos moti­va a sair do lugar e olhar para tan­tos Joões, Marias, Pau­los e Terezas, que, infe­liz­mente, ain­da são parte latente dos números dolorosos, divul­ga­dos de tem­pos em tem­pos, pelo Cen­so.

Mes­mo não olhan­do dire­ta­mente nos seus ros­tos, tra­bal­hamos dia após dia, em bus­ca de políti­cas públi­cas que os enx­er­guem den­tro de suas real­i­dades. Enquan­to inten­si­fi­camos nos­sas ações voltadas para o públi­co no ciclo for­mal de esco­lar­iza­ção, nos­so tra­bal­ho tam­bém segue volta­do para esse públi­co que, por anos e anos, vem seguin­do à margem.

Pen­san­do ness­es maran­hens­es que, recen­te­mente, o gov­er­nador Car­los Brandão lançou o Pro­gra­ma Maran­hão Alfa­bet­i­za­do, cri­a­do com o obje­ti­vo de ampli­ar as opor­tu­nidades edu­ca­cionais ade­quadas à alfa­bet­i­za­ção e super­ar o anal­fa­betismo entre jovens, adul­tos e idosos. Uma estraté­gia para aque­les que não con­seguiram ser alfa­bet­i­za­dos durante a eta­pa do ciclo for­mal de edu­cação na infân­cia e/ou ado­lescên­cia.

Para este ano de 2024, nos­sa meta é alfa­bet­i­zar cer­ca de 17 mil pes­soas nos 20 municí­pios pri­or­iza­dos, em uma ação em Regime de Colab­o­ração com os municí­pios, por meio do Pro­gra­ma Brasil Alfa­bet­i­za­do. Enquan­to tra­bal­hamos nas eta­pas ini­ci­ais, já seguimos artic­u­lan­do out­ras frentes de atu­ação, para garan­tir que mais e mais jovens, adul­tos e idosos sejam alcança­dos.

A redução da taxa de anal­fa­betismo no Maran­hão é, sim, uma vitória que deve ser comem­o­ra­da! Uma vitória da edu­cação maran­hense, uma con­quista de cada pai e cada mãe que luta diari­a­mente para matric­u­lar seu fil­ho e sua fil­ha na esco­la, de cada jovem e cada adul­to que dia após dia se vê alcançan­do seus ideais por meio da edu­cação. Uma vitória do tra­bal­ho artic­u­la­do entre União, Esta­dos e Municí­pios com estraté­gias e políti­cas públi­cas voltadas para a garan­tia do dire­ito de apren­der.

Ain­da há muito a se faz­er e muitas metas a serem alcançadas. Mas, enquan­to cuidamos das cri­anças e dos jovens de hoje, garan­ti­n­do com que este­jam na esco­la e apren­dam cor­re­ta­mente, per­sis­ti­mos no tra­bal­ho jun­to à essa parcela da sociedade que ain­da amar­ga a escuridão do anal­fa­betismo. Seguimos otimis­tas e con­fi­antes, car­regan­do a doce esper­ança de que, em um futuro breve, comem­o­raremos o fim do anal­fa­betismo no Maran­hão, para que cada maran­hense pos­sa ter uma vida digna e mel­hor.

Esper­ance­mos lutan­do e lutare­mos esper­ançan­do, assim como Freire!

Felipe Camarão
Vice-gov­er­nador
Secretário de Edu­cação do Maran­hão 

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