O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, transformar em réus os deputados federais Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente Bosco Costa (PL-SE), sob a acusação de corrupção passiva e organização criminosa. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os parlamentares teriam cobrado R$ 1,6 milhão em propina para liberar R$ 6,6 milhões em emendas parlamentares destinadas ao município de São José de Ribamar (MA). O julgamento ocorre no plenário virtual da Primeira Turma da Corte e deve ser concluído até 11 de março.
O ministro Cristiano Zanin, relator do caso, afirmou que há “indícios suficientes” para o recebimento da denúncia, ressaltando que a abertura da ação penal não significa um julgamento antecipado da culpa dos envolvidos. Até agora, os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia acompanharam o relator, enquanto os votos de Flávio Dino e Luiz Fux ainda são aguardados. Caso a denúncia seja aceita integralmente, os parlamentares passarão a responder formalmente ao processo criminal no STF, podendo enfrentar penas severas caso condenados.
As acusações reacendem o debate sobre o uso de emendas parlamentares como instrumento de influência política e corrupção no Brasil. O caso também gera desgaste para o Partido Liberal (PL), que já enfrenta questionamentos sobre a conduta ética de alguns de seus membros. O tema ganha ainda mais relevância diante do cenário eleitoral de 2026, no qual partidos tentam se afastar de escândalos para evitar prejuízos nas urnas. A repercussão da decisão do STF pode afetar diretamente a base política do ex-presidente Jair Bolsonaro, que mantém o PL como seu principal reduto partidário.
As defesas dos parlamentares negam as acusações e alegam falta de provas concretas. Os advogados de Josimar Maranhãozinho classificam a denúncia como “frágil e desfundamentada”, enquanto a defesa de Bosco Costa argumenta que o caso se baseia em “diálogos de terceiros e anotações desconhecidas pelo acusado”. Já os representantes de Pastor Gil questionam a legalidade das provas, alegando que a investigação deveria ter começado no STF, e não na Justiça Federal do Maranhão. Com o julgamento em andamento, o caso pode se tornar um novo marco na atuação do Supremo contra a corrupção no Congresso Nacional.