A constante troca de secretários na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) de São Luís tem chamado a atenção e gerado críticas sobre a condução do setor na gestão do prefeito Eduardo Braide. A pasta, essencial para a mobilidade urbana e a qualidade do transporte público, parece ter se tornado alvo de indicações políticas, em vez de ser comandada por especialistas no tema. A recente nomeação de Maurício Itapary para o cargo reforça essa preocupação e levanta dúvidas sobre o futuro da licitação do transporte coletivo na capital maranhense.
Maurício Itapary tem um histórico de nomeações controversas. Sua passagem pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), em 2015, foi marcada por forte resistência dos servidores do órgão, que repudiaram sua indicação devido à falta de qualificação técnica para a função. Na época, uma nota oficial assinada por funcionários do DNIT criticava a nomeação de uma pessoa sem formação em engenharia rodoviária para a superintendência regional, cargo historicamente ocupado por especialistas do setor. Agora, sua indicação para a SMTT reacende o debate sobre a necessidade de gestores capacitados para áreas estratégicas da administração municipal.
A mudança no comando da SMTT ocorre em um momento crucial, quando a Prefeitura de São Luís se prepara para conduzir uma nova licitação do sistema de transporte público. O processo anterior, elaborado sob a gestão do experiente ex-secretário e saudoso “Canindé Barros”, resultou em um contrato que, se bem administrado, poderia oferecer um serviço de melhor qualidade. No entanto, em vez de fortalecer a fiscalização e exigir o cumprimento das regras pelas concessionárias, a prefeitura opta por um novo certame, sem deixar claro quais melhorias reais serão garantidas à população.
A nomeação de Itapary reforça a percepção de que a gestão de Eduardo Braide está politizando um setor que deveria ser tratado com seriedade técnica. A falta de um corpo especializado na SMTT pode comprometer não apenas a licitação, mas toda a estrutura de mobilidade da cidade. Com ônibus sucateados, tarifas elevadas e insatisfação dos usuários, a capital maranhense enfrenta um cenário preocupante que exige soluções eficazes e não apenas trocas administrativas sem planejamento.
Diante dessa situação, surge a dúvida: São Luís terá, de fato, avanços na mobilidade ou está caminhando para um novo colapso no transporte público? A população espera respostas concretas da gestão municipal, mas, até o momento, a mudança na SMTT indica que as decisões continuam sendo pautadas mais por interesses políticos do que pelo compromisso com um serviço de qualidade para os cidadãos.