Carta aberta ao Senador Weverton Rocha, Por Simplicio Araújo

Por Sim­p­li­cio Araújo

Senador,

Escre­vo-lhe como um cidadão maran­hense que acred­i­tou, apoiou e torceu por sua tra­jetória políti­ca. Alguém que, como muitos em nos­so esta­do, esper­a­va ver no sen­hor uma lid­er­ança nova, com­pro­meti­da com as causas pop­u­lares, com o meio ambi­ente, com a éti­ca na políti­ca e com o futuro sus­ten­táv­el do Maran­hão e do Brasil. Mas con­fes­so, senador, que hoje escre­vo com tris­teza e pro­fun­da decepção.

Ver um rep­re­sen­tante do Maran­hão — esta­do tão rico em recur­sos nat­u­rais, com parte de sua ter­ra inseri­da na Amazô­nia Legal — votar a favor do chama­do “PL do Des­mata­men­to” foi um duro golpe. O sen­hor, que tem origem humilde e sem­pre se apre­sen­tou como defen­sor do povo, optou por um pro­je­to que ameaça nos­sas flo­restas, nos­sos rios e nos­sas comu­nidades. Não há expli­cação razoáv­el para esse voto, a não ser a de ter cedi­do à pressão de setores econômi­cos que pouco ou nada se impor­tam com o futuro dos nos­sos fil­hos e netos.

Como se não bas­tasse, você tam­bém foi rela­tor do PL das Eóli­cas Off­shore, uma opor­tu­nidade históri­ca para posi­cionar o Brasil — e o Maran­hão — como potên­cia em ener­gia limpa e sus­ten­táv­el. Mas, ao invés dis­so, seu relatório incluiu emen­das que abrem espaço para mais usi­nas a carvão e gás fós­sil, fontes que estão sendo aban­don­adas no mun­do todo por serem caras e polu­entes. O povo do Maran­hão quer ener­gia que tra­ga desen­volvi­men­to, sim, mas que tam­bém respeite a natureza e os con­sum­i­dores. Não quer­e­mos mais pagar a con­ta das decisões que favore­cem ape­nas grandes gru­pos empre­sari­ais.

E não pos­so deixar de men­cionar sua atu­ação como rela­tor do pro­je­to que enfraque­ce a Lei da Ficha Limpa. Uma das maiores con­quis­tas da sociedade brasileira con­tra a cor­rupção, con­struí­da com a par­tic­i­pação de mil­hões de brasileiros, está sendo diluí­da sob sua rela­to­ria. O pro­je­to que você aprovou abre bre­chas para que políti­cos con­de­na­dos retornem mais rápi­do à vida públi­ca, como se os erros do pas­sa­do pudessem ser apa­ga­dos por con­veniên­cia. Isso não é justiça. Isso é retro­ces­so.

Senador, essa não é a pos­tu­ra que esper­amos de quem jurou defend­er os inter­ess­es do povo, inclu­sive choran­do na tri­buna do Sena­do ao anun­ciar sua can­di­datu­ra ao gov­er­no do esta­do. Você não foi eleito para aten­der lob­bies de Brasília. Foi eleito pelo povo maran­hense, que vive com difi­cul­dades, que enfrenta a pobreza, que son­ha com um futuro mais dig­no. Esse povo merece respeito. Merece coerên­cia.

Ain­da é tem­po de refle­tir, rev­er posições e reen­con­trar o cam­in­ho que o fez chegar até aqui. O povo do Maran­hão não esquece e sabe recon­hecer quem tem cor­agem de mudar.

Com respeito, mas com firmeza,

Um maran­hense decep­ciona­do, mas aten­to.