A Engenharia Brasileira ganhou destaque com grandes feitos como: ITAIPU (1975–1984), BR 101 (1950–1960), EMBRATEL (1965), Sistema Telebras (1972), CSN (1946*), Eletronuclear (1971), indústria automobilística (1956), etc. Assim, o Século XX marca o Brasil pela grande contribuição da Engenharia brasileira, com destaque para a Engenharia Civil (ITAIPU, BR101 e atual BR 040), da Engenharia Mecânica e Metalurgia (CSN e indústria automobilística), da Engenharia de Telecomunicações (EMBRATEL e Sistema TELEBRAS) e da Engenharia Nuclear (Eletronuclear). Entretanto, ante todo o avanço, ainda hoje os leigos associam o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) apenas às obras civis, e no decorrer desse artigo prestaremos os esclarecimentos necessários. A Engenharia Brasileira tem grandes feitos reconhecidos a nível mundial, dentre os quais cabe ressaltar: o coração artificial desenvolvido pelo Eng. Mec. Aron de Andrade, o câmbio automático desenvolvido pelo Eng. Mec. José Braz Araripe e os Atenuadores Dinâmicos Sincronizados, usados na ponte Rio-Niterói, patente do Eng. Civ. Ronaldo Carvalho Battista.
O Sistema CONFEA/CREA é um conjunto de autarquias federais responsável pela verificação, controle e fiscalização dos Engenheiros e empresas de Engenharia no território nacional. Sendo que quaisquer obras ou serviços técnicos de Engenharia e Agronomia estão sujeitos à Anotação de Responsabilidade Técnica (art. 1º da Lei Federal 6.496/1977). Os profissionais registrados estão distribuídos em três grupos e oito modalidades profissionais distintas, conforme disposto na tabela de títulos profissionais, Resolução CONFEA nº 473/2002 (última atualização em 10/04/2023). Assim, tem-se o grupo Engenharia composto pelas seis modalidades: Civil, Eletricista, Mecânica e Metalúrgica, Química, Geologia e Minas e Agrimensura, e os grupo Agronomia Modalidade Agronomia e grupo especiais modalidade especiais.
A formação de Engenheiros demanda grande esforço e investimento de uma nação, pois necessita que os egressos do ensino médio tenham uma forte base em matemática, física e química, sendo que sua formação divide-se em conteúdos básicos, profissionais e específicos (art. 9º da Resolução MEC/CNE-2019). A formação básica deve fornecer aos Engenheiros, independe da modalidade, conhecimentos de matemática e física de nível superior, a qual contempla o Cálculo Diferencial e Integral, Equações Diferenciais Ordinárias e Parciais, Variáveis Complexas, Análise Vetorial, Análise de Fourier, Probabilidade e Estatística, Processos Estocásticos, Mecânica (Estática e Dinâmica), Gravitação, Ondas, Termodinâmica, Eletromagnetismo, Óptica (Geométrica e Física), Física Moderna e Química. Após os dois primeiros anos de Engenharia, o estudante conclui os conteúdos básicos e avança para os conteúdos profissionais. Sendo que os conteúdos profissionais devem fornecer as habilidades e competências necessárias às atividades e competências em estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica, produção técnica especializada, direção e execução de obras e serviços técnicos referentes ao aproveitamento e à utilização de recursos naturais, meios de locomoção e comunicações; edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos; instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água e extensões terrestres; desenvolvimento industrial e agropecuário (artigos 1º e 7ª da Lei Federal nº 5.194/1966). Assim, prédios, estradas, barragens, pontes, sistemas de transporte, sistemas de telecomunicações, indústria de equipamentos eletrônicos, satélites, automóveis, aviões, foguetes, usinas nucleares, agricultura, sistemas de refrigeração e ares-condicionados, robôs, conexão à internet, energia elétrica, mineração, agronegócio, eletricidade, indústria química e petroquímica e de alimentos; produtos químicos; tratamento de água e instalações de tratamento de água industrial e de rejeitos industriais, administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, avaliação e exploração de jazidas petrolíferas, transporte e industrialização do petróleo etc., nada disso seria possível sem a presença do Engenheiro. Mas, afinal o que faz o Engenheiro? O Engenheiro projeta, com base em cálculos matemáticos, as mudanças e transformações do mundo moderno.
As normas técnicas da Engenharia envolvem Resoluções das agências reguladoras, Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, normas da ABNT e normas internacionais, e tudo em constante mudança e atualização. E o Brasil? O Brasil tem um problema crônico de formação de recursos humanos, onde a falta de uma boa formação no ensino médio de matemática e física aumenta a retenção e evasão dos alunos em Engenharia, e para reverter isso deve-se ter um amplo investimento no ensino fundamental melhorando a formação básica em matemática e física e assim reduzir a evasão e a retenção nos cursos de Engenharia, e investir pesadamente nos programas de pós-graduação strictu senso (mestrado e doutorado) das Engenharias e nos Centros de Pesquisa. Assim ou investimos na Engenharia ou o processo de desindustrialização do Brasil nos tornará meros exportadores de matérias primas e importadores de produtos manufaturados, nos levando a perder todo o avanço do país obtido no século XX, iniciando-se em 1948 com crescimento do PIB de 9,7% e encerrando-se em 1980 com crescimento de 9,23%. Assim é preciso crescer, e para crescer precisamos de inovação tecnológica e essa inovação tem nome ENGENHARIA.
Artigo :
Eng. Eletric. Rogerio Moreira Lima
Professor da UEMA e Acadêmico da AMC
Diretor de Inovação da ABTELECOM