O que deveria ser uma noite de fé, louvor e adoração acabou atravessado pela velha política travestida de devoção. O evento “Adora São Luís”, apresentado como celebração religiosa, funcionou na prática como um palco cuidadosamente montado para apresentar à classe evangélica o sobrinho do governador Brandão. A liturgia deu lugar ao marketing político, e o altar virou vitrine eleitoral.

Não é a primeira vez que a família Brandão desafia, sem cerimônia, a Justiça Eleitoral. Produzido pelo vereador Marquinhos, o evento reuniu fiéis, holofotes e discursos que ultrapassaram o limite do aceitável, transformando o encontro religioso em um verdadeiro showmício disfarçado. A estratégia é conhecida: usar a fé como escudo, a música como cortina de fumaça e o público religioso como massa de manobra.
O mais inquietante, porém, não é apenas a ousadia política, mas o silêncio institucional. A sensação é de que a Justiça Eleitoral virou figurante diante do poder concentrado da família Brandão. Enquanto regras são atropeladas e limites ignorados, prevalece a impressão de que, no Maranhão, há quem se sinta acima da lei e aja como se o órgão fiscalizador simplesmente não existisse.
