O discurso do deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA), nesta terça-feira (21), na tribuna da Câmara dos Deputados, caiu como uma bomba no cenário político maranhense. Em tom de desabafo e visivelmente emocionado, o vice-presidente nacional do PT e vice-líder do governo Lula denunciou o que classificou como um “esquema de arapongagem e traição” dentro do próprio governo de Carlos Brandão (PSB), afirmando ter sido alvo de uma gravação ilegal e descontextualizada feita por aliados do governador.
Segundo o parlamentar, o responsável direto por alimentar a crise seria o irmão do governador, Marcus Brandão, a quem atribui a criação de uma verdadeira “paranoia palaciana”, onde todos são vistos como suspeitos e monitorados. Rubens afirmou que Marcus teria ordenado e coordenado as gravações ilegais, transformando o Palácio dos Leões em um “quartel da desconfiança”, onde aliados próximos são espionados por medo de traições políticas imaginárias. “O governo virou refém da insegurança e do autoritarismo de um grupo familiar que perdeu o equilíbrio e o juízo”, disse o deputado.
Rubens contou que a gravação ocorreu após uma reunião em que buscava intermediar um diálogo entre o governador Brandão e o ministro do STF, Flávio Dino, a pedido do próprio chefe do Executivo estadual. “Eu já tinha visto gravarem adversários, o que é repugnante, mas gravar um aliado, alguém que foi emissário de paz, é algo odioso, que merece ser rechaçado”, afirmou. O parlamentar disse que a ação representa “um dos episódios mais vergonhosos da política maranhense”.
Visivelmente emocionado, Rubens Jr. se emocionou ao lembrar que a suposta traição partiu de quem sempre considerou um aliado político e pessoal. “Eu nunca imaginei que aquele a quem dei a mão ia me apunhalar pelas costas. Se for preciso sair, saio de cabeça erguida, porque a honra da nossa família tem que ser respeitada. Sei das consequências políticas que enfrentaremos, mas fico do lado da coerência. Não me rendo, não me vendo e não me intimido”, declarou, com a voz embargada.
O parlamentar pediu ainda a exoneração do próprio pai, o secretário de Articulação Política do Estado, Rubens Pereira, afirmando que a família não permanecerá em um governo que perdeu o rumo ético. “Na política, é melhor ser traído do que ser traidor. E traidor, eu não sou. Traidor, o secretário Rubens Pereira não é”, completou, em tom de ruptura definitiva com Brandão.
Rubens Jr. comparou a atual gestão à oligarquia derrotada em 2014, afirmando que o governo Brandão tenta “ressuscitar o familismo e o coronelismo político” no Maranhão. “Tudo o que deixamos no passado, Brandão tenta trazer de volta: gravações ilegais, chantagem e manipulação. Isso é coisa de mafioso, de criminoso, não de quem prometeu mudança”, disparou. O deputado ainda alertou colegas: “Se gravaram um deputado federal e vice-líder do governo Lula, quem garante que vocês também não estão sendo gravados? O Maranhão virou terra de arapongas.”
Para completar o enredo de traição, Rubens Jr. revelou que o responsável por divulgar os áudios foi o deputado estadual Yglésio Moyses, conhecido por seu alinhamento ao bolsonarismo — um duro golpe vindo do mesmo grupo que o governador Brandão tem buscado agradar recentemente. O episódio escancara a crise dentro da base governista e o isolamento político do governador, que agora é acusado de trair aliados, perseguir companheiros e reproduzir as velhas práticas que jurou combater. No fim das contas, como ironizou Rubens, “o irmão Marcus Brandão vai entrar para o anedotário político do Maranhão como o homem que enterrou a carreira do próprio governador”, veja o vídeo :
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A política ama a traição e odeia o traidor!!