A prisão em flagrante do presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (CONAFER), Carlos Roberto Ferreira Lopes, nesta terça-feira (30), repercutiu diretamente no Palácio dos Leões. Poucas horas após o episódio na CPMI do INSS, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), determinou que matérias oficiais do governo, que destacavam convênios assinados entre sua gestão e a CONAFER, fossem retiradas do ar.
As publicações exaltavam a parceria entre Brandão e a entidade, que ao longo dos últimos anos firmaram uma série de acordos voltados para agricultura familiar, pecuária e até projetos previdenciários.
Em solenidade realizada no dia 23 de fevereiro de 2024, Brandão esteve pessoalmente na sede da CONAFER em Brasília, onde assinou novos convênios para implantação de projetos produtivos no Maranhão. Na ocasião, o governador fez questão de elogiar o trabalho da Confederação: “Eu, que sou um dos defensores da agricultura familiar, por entender a importância do agricultor familiar, não tenho dúvida que nós vamos ampliar isso para atender mais produtores rurais, porque o pequeno produtor precisa da mão amiga do governo, da iniciativa privada e da CONAFER, que faz um trabalho extraordinário”, afirmou.
O presidente do Iterma, Anderson Ferreira, também participou do encontro e foi explícito sobre a abrangência dos convênios firmados: “Dentre os acordos estaria o dos benefícios previdenciários”, declarou na época. O detalhamento indicava que a parceria da CONAFER com o Maranhão ia além da pecuária, alcançando diretamente aposentados e pensionistas. Na prática, o governo do Maranhão deu aval para a entidade atuar em atos previdenciários no Estado.
Levantamentos preliminares apontam que o contrato da CONAFER no Maranhão pode supostamente ultrapassar a cifra de R$ 100 milhões. A dúvida que permanece é se a entidade realmente prestou os serviços firmados nos convênios ou se parte desses recursos foi desviada. A Polícia Federal deverá investigar essa frente, assim como os motivos que levaram Brandão a mandar apagar as reportagens do site oficial do governo, veja :
Agora, com a prisão de Lopes por suspeita de fraudes bilionárias em descontos previdenciários, os acordos que até então eram apresentados como modelos de sucesso se transformaram em constrangimento político. A Polícia Federal aponta que a entidade saltou de R$ 400 mil em descontos em 2019 para R$ 277 milhões em 2024, incluindo cobranças em nome de aposentados já falecidos. Nesse contexto, aliados de oposição já cogitam que Brandão pode entrar na mira da CPMI do INSS para explicar a relação próxima com a entidade investigada.
Na CPMI, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) expôs movimentações financeiras incompatíveis com o patrimônio declarado por Lopes e classificou a CONAFER como peça central do esquema. “O que se vê aqui não é defesa da agricultura familiar, mas uma máquina de sugar o dinheiro dos aposentados mais pobres deste país”, criticou.
O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA), que integra a CPMI, endossou a prisão decretada pelo presidente da comissão e disparou: “Esse rapaz é um ladrão de velhinho. Lugar de quem engana aposentado é na cadeia, e nós não vamos tolerar que o Maranhão seja manchado por parcerias com quem só queria roubar os mais pobres”.
Em outra matéria daremos mais detalhes sobre essa sombria parceria, o blog conseguiu resgatar a matéria que mostra o contrato , veja o vídeo da solenidade de parceria :