Transporte público em crise: irmã de diretor do SET ocupa cargo estratégico na gestão Braide

Transporte público em crise: irmã de diretor do SET ocupa cargo estratégico na gestão Braide

Em meio ao colap­so do trans­porte públi­co em São Luís, um detal­he curioso – e pre­ocu­pante – vem à tona: a secretária munic­i­pal de Ino­vação, Sus­tentabil­i­dade e Pro­je­tos Espe­ci­ais (SEMISPE), Verôni­ca Pires, é irmã do dire­tor téc­ni­co do Sindi­ca­to das Empre­sas de Trans­porte (SET), enti­dade que rep­re­sen­ta os empresários do setor.

A conexão entre os dois não seria um prob­le­ma se a prefeitu­ra não tivesse repas­sa­do mais de R$ 140 mil­hões em sub­sí­dios às empre­sas de ônibus nos últi­mos anos, sem nen­hu­ma mel­ho­ra no serviço. Ago­ra, com a cidade enfrentan­do mais uma par­al­isação total da fro­ta, Eduar­do Braide ten­ta se apre­sen­tar como inimi­go dos empresários, pro­pon­do pagar cor­ri­das por aplica­tivos e prom­e­tendo uma nova lic­i­tação para o trans­porte. Mas como levar isso a sério quan­do quem ocu­pa um car­go estratégi­co na gestão munic­i­pal tem lig­ações dire­tas com os maiores ben­e­fi­ci­a­dos pelo atu­al mod­e­lo?

A SEMISPE não é uma sec­re­taria qual­quer. Sua função é jus­ta­mente plane­jar políti­cas para o futuro da cidade, o que sig­nifi­ca que decisões cru­ci­ais para a mobil­i­dade urbana pas­sam, de algu­ma for­ma, pela sua estru­tu­ra. E se a respon­sáv­el por esse setor tem um vín­cu­lo dire­to com os empresários, como garan­tir que o inter­esse públi­co está sendo colo­ca­do aci­ma dos inter­ess­es pri­va­dos?

A grande questão é: a prefeitu­ra está mes­mo enfrentan­do os empresários ou ape­nas ence­nan­do um con­fli­to para, no fim, garan­tir que tudo con­tin­ue como está? O históri­co da gestão sug­ere a segun­da opção. Afi­nal, o dis­cur­so de mudança parece forte, mas os per­son­agens por trás do jogo con­tin­u­am os mes­mos.

Se Braide quisesse romper com o sis­tema fali­do, a primeira providên­cia seria garan­tir inde­pendên­cia nas decisões e transparên­cia nas relações. Mas, ao que tudo indi­ca, São Luís segue refém de um teatro políti­co onde o prefeito fin­ge com­bat­er um prob­le­ma que, nos basti­dores, segue sendo ali­men­ta­do por sua própria gestão.

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