A decisão do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), de bancar corridas por aplicativo enquanto durar a greve dos rodoviários pode parecer uma solução imediata para amenizar os transtornos da paralisação, mas, na prática, a medida escancara a falta de planejamento e responsabilidade com os cofres públicos. Com um custo estimado de R$ 18 milhões por dia, a proposta pode representar um rombo financeiro para a cidade, sem garantir uma solução definitiva para a crise do transporte coletivo.
Além do impacto financeiro, a decisão exclui uma parcela significativa da população que depende do transporte público. O critério adotado para liberar os vouchers exige que o usuário tenha um cartão de transporte urbano, desconsiderando os passageiros que pagam as passagens em dinheiro. Isso significa que milhares de trabalhadores e estudantes que não possuem o cartão ficarão sem o benefício, tornando a medida excludente e injusta. Além disso, mesmo aqueles que têm direito ao auxílio enfrentam dificuldades: o site da prefeitura, onde é feito o cadastro, está fora do ar devido à alta demanda, impedindo que muitas pessoas consigam acessar o benefício prometido.
Outro ponto crítico é o impacto sobre os rodoviários, que podem ver seus empregos ameaçados. Ao incentivar o transporte por aplicativo como alternativa emergencial, a prefeitura enfraquece ainda mais o sistema de transporte coletivo, que já enfrenta dificuldades financeiras. Isso pode levar ao fechamento de postos de trabalho e agravar a crise do setor, tornando ainda mais difícil uma solução para a greve.
O prefeito, ao invés de buscar um diálogo eficiente para resolver a paralisação dos rodoviários e melhorar o transporte público a longo prazo, optou por uma ação paliativa e eleitoreira. A medida, vendida como benéfica para a população, pode, na verdade, aprofundar os problemas estruturais da mobilidade urbana, prejudicar os trabalhadores do setor e comprometer o orçamento municipal com um gasto exorbitante e insustentável.