Marcus Brandão acusa adversários, mas acaba revelando acesso privilegiado e possíveis crimes

Marcus Brandão acusa adversários, mas acaba revelando acesso privilegiado e possíveis crimes

 

O final de sem­ana no cenário políti­co maran­hense foi sacu­d­i­do por um vídeo pub­li­ca­do nas redes soci­ais por Mar­cus Brandão, irmão do gov­er­nador Car­los Brandão. Ten­tan­do jus­ti­ficar o rompi­men­to com um grupo políti­co lig­a­do ao min­istro do STF Flávio Dino e ao vice-gov­er­nador Felipe Camarão, Mar­cos con­stru­iu uma nar­ra­ti­va de perseguição e con­spir­ação. No entan­to, suas próprias declar­ações lev­an­taram sus­peitas de que ele teria aces­so inde­v­i­do a infor­mações sig­ilosas, rev­e­lando, sem perce­ber, indí­cios de práti­cas que beiram o crime.

Posi­cio­nan­do-se como por­ta-voz do irmão, Mar­cus acu­sou o dep­uta­do estad­ual Oth­e­li­no Neto de lid­er­ar a supos­ta perseguição, atribuin­do a Felipe Camarão o papel de artic­u­lador por “con­tro­lar” o par­la­men­tar. Ain­da assim, é de con­hec­i­men­to políti­co que o atri­to com o grupo de Dino nasceu de des­cumpri­men­tos de acor­dos feitos durante a reeleição de Brandão.

Na ten­ta­ti­va de reforçar sua ver­são, Mar­cus rela­tou um episó­dio em que o dep­uta­do Pedro Lucas Fer­nan­des teria ouvi­do de Már­cio Jer­ry que o gov­er­nador seria afas­ta­do e ele, Mar­cos, pre­so. Foi nesse momen­to que, ao se vitimizar, acabou “acu­san­do o golpe”: admi­tiu ter con­hec­i­men­to de inves­ti­gações e men­cio­nou a existên­cia de provas — que, segun­do ele, seri­am “fal­sas” — cri­adas con­tra sua pes­soa, algo que nor­mal­mente só quem tem aces­so inter­no saberia.

Em out­ro tre­cho, a con­fis­são foi ain­da mais grave. Mar­cos afir­mou que o vice-gov­er­nador Felipe Camarão tro­cou 4.700 men­sagens com o blogueiro respon­sáv­el pelo vaza­men­to de con­ver­sas envol­ven­do a dep­uta­da estad­ual Mical Dam­a­s­ceno. A per­gun­ta que fica é: de que for­ma um cidadão sem car­go públi­co — ape­nas “irmão do gov­er­nador” — teria aces­so a dados de um inquéri­to sob sig­i­lo? A fala, na práti­ca, soa como uma admis­são de trá­fi­co de influên­cia e uso políti­co de infor­mações restri­tas.

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Por fim, ao citar a trans­fer­ên­cia de um pre­so que chamou de “homi­ci­da con­fes­so” no caso do edifí­cio Tech Office, deter­mi­na­da pelo Supe­ri­or Tri­bunal de Justiça, Mar­cos insin­u­ou que a medi­da teria sido para via­bi­lizar uma delação “fora da nor­mal­i­dade”. Ao ten­tar jog­ar a respon­s­abil­i­dade sobre adver­sários, acabou expon­do detal­h­es inter­nos de proces­sos judi­ci­ais e ali­men­tan­do sus­peitas sobre a real exten­são de sua influên­cia. Res­ta saber se o vídeo foi um ato cal­cu­la­do ou um deslize que poderá se voltar con­tra ele nas inves­ti­gações da Polí­cia Fed­er­al que já cer­cam o gov­er­no Car­los Brandão.

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