O Maranhão amanheceu nesta sexta-feira (14) em estado de perplexidade e com boas doses de gargalhada após a entrevista em que o sobrinho do governador Carlos Brandão, o pré-candidato Orleans Brandão, resolveu se comparar a João Campos, prefeito do Recife e uma das figuras políticas mais ascendentes do país. Questionado sobre o peso do parentesco em sua candidatura, Orleans respondeu com a confiança de quem realmente acredita que basta ter sobrenome famoso para entrar na prateleira dos protagonistas nacionais.
A comparação, no entanto, cai por terra já no primeiro parágrafo. Enquanto João Campos construiu carreira com formação sólida, experiência política real, liderança e votos, Orleans exibe um currículo modesto que mal sustenta a promessa de renovação que tenta vender. A única semelhança entre os dois é a juventude e, claro, o fato de ambos terem nascido em berço político. No resto, é um abismo que não precisa de explicação técnica: basta olhar.
João Campos perdeu o pai, Eduardo Campos, em 2014 e, ainda assim, ergueu trajetória própria, passando por funções no PSB, atuando em gestão pública, sendo eleito deputado federal com votação histórica e conquistando e depois reconquistando a prefeitura do Recife. Do outro lado, Orleans Brandão ostenta cinco anos de formado em curso EAD, a fama de bom jogador de pôquer e o registro de um cargo criado dentro do governo do tio, sem autonomia, sem entregas comprovadas e sem qualquer marca de protagonismo político.
A tentativa de comparação, portanto, não é apenas exagerada: é um ato de ousadia quase poética. Enquanto João Campos construiu liderança, Orleans construiu presença em fotos. Enquanto um governa uma das principais capitais do país, o outro coleciona viagens em momentos críticos e aparições como figurante de obras alheias. No fim das contas, o que Orleans mostrou até agora é que sobrenome abre portas mas não garante preparo. E governar o Maranhão exige muito mais que isso.
Em tempo: aliás, João foi o que destituiu o titio do jogador de pôquer da presidência do PSB, hoje quem comanda a legenda é a senadora Ana Paula.
