A Justiça Eleitoral de Caxias (MA) decidiu cassar os diplomas do prefeito eleito José Gentil Rosa Neto e do vice-prefeito eleito Eugênio de Sá Coutinho Filho, em uma sentença dura que escancara o uso da máquina pública e do poder econômico para interferir no resultado das eleições municipais de 2024. A decisão foi proferida nesta quinta-feira (19) pelo juiz Rogério Monteles da Costa, da 4ª Zona Eleitoral, no julgamento de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral proposta pelo ex-candidato Paulo Celso Fonseca Marinho Júnior.
Segundo a sentença, ficou comprovada a existência de uma estratégia estruturada para desequilibrar o pleito, com destaque para a contratação massiva e irregular de servidores temporários em pleno ano eleitoral. Apenas em março de 2024, a prefeitura realizou 7.811 admissões, número que corresponde a mais de 90% de todas as contratações do ano, sem justificativa administrativa plausível e em desacordo com os limites legais de gastos com pessoal. Para a Justiça, tratou-se de uso deliberado da estrutura pública como ferramenta de campanha.
A decisão também reconheceu práticas de perseguição política dentro da administração municipal. Testemunhas relataram reuniões com caráter coercitivo, recolhimento de celulares, exigência explícita de apoio político e demissões ou afastamentos de servidores que manifestaram simpatia pela oposição. Esse conjunto de condutas, na avaliação do magistrado, configurou abuso de poder político ao transformar a prefeitura em um verdadeiro comitê eleitoral.
No campo econômico, a sentença aponta provas consideradas robustas de compra de votos, incluindo pagamentos via PIX, promessas de vantagens e entrega de benefícios a eleitores, tudo amparado por depoimentos, quebras de sigilo bancário e telefônico e informações de inquéritos da Polícia Federal. Com isso, além da cassação dos diplomas, a Justiça declarou a inelegibilidade do prefeito, do vice e do ex-prefeito Fábio Gentil por oito anos, anulou os votos da chapa e determinou a realização de eleição suplementar, veja a decisão AQUI
Para encerrar, cabe o registro político que ecoa nos bastidores do poder: o Palácio dos Leões, na atual gestão, adota um modus operandi que lembra de forma inquietante os fatos detalhados no processo de Caxias, segundo avaliações de adversários e analistas. A máquina do governo estaria operando a todo vapor para promover o sobrinho do governador, com intensa exposição institucional e uso estratégico da estrutura estatal, passando por muitas vezes até por cima das leis eleitorais, de forma supostamente recorrente. Ainda assim, mesmo com esse aparato robusto, o projeto político não consegue deslanchar nas pesquisas, reforçando a percepção de que nem mesmo uma superestrutura estatal tem sido suficiente para alavancar o nome do herdeiro político nas intenções de voto.
