A movimentação do vice-governador Felipe Camarão (PT) em busca de viabilidade política para disputar o Governo do Maranhão em 2026 tem gerado comentários e especulações. No entanto, o que Camarão faz hoje não é novidade. Carlos Brandão, atual governador, trilhou exatamente esse caminho ainda em 2021, quando ocupava o cargo de vice-governador e iniciou sua articulação política com ampla antecedência — antes mesmo do então governador Flávio Dino declarar publicamente seu apoio a qualquer nome para a sucessão.
Em 2 de julho de 2021, Brandão mostrou força política ao ser recepcionado calorosamente em São Mateus por mais de cinquenta prefeitos, cem ex-prefeitos, deputados estaduais e federais, vereadores e lideranças de praticamente todo o estado. A recepção foi organizada pelo ex-prefeito Miltinho Aragão e pelo atual prefeito Ivo Rezende, ambos do PSB. O evento foi interpretado como um claro sinal de que Brandão se colocava como o nome da continuidade no grupo liderado por Flávio Dino.
A articulação política de Brandão seguiu intensa. No dia 30 de julho daquele mesmo ano, ainda como vice-governador, ele realizou novo encontro, desta vez em Presidente Dutra. Lá, reuniu nada menos que 103 prefeitos, além de dezenas de outras lideranças, como vice-prefeitos, ex-prefeitos, presidentes de câmaras municipais e deputados. O encontro, articulado pelo prefeito Raimundinho Audiolar, foi um marco na construção de consenso em torno do nome de Brandão para a sucessão estadual, ainda que Dino não tivesse oficializado apoio a ninguém até então.
Além disso, no início de 2021, Brandão também se envolveu diretamente na disputa pela presidência da FAMEM (Federação dos Municípios do Maranhão), em um embate que evidenciou a divisão interna no grupo governista. Naquele momento, Brandão apoiava Fábio Gentil, prefeito de Caxias, enquanto Weverton Rocha trabalhava pela reeleição de Erlanio Xavier. A disputa, vencida por Erlanio, foi o prenúncio da guerra política que se intensificaria em 2022.
Mesmo sem a caneta de governador na época, Brandão não poupou esforços para fortalecer sua imagem e construir alianças políticas. Acompanhava Flávio Dino em inaugurações e eventos, marcando presença e projetando-se como o sucessor natural. Fez o dever de casa e foi se consolidando no grupo até se tornar o nome de consenso — exatamente o que Felipe Camarão tenta fazer agora.
Portanto, é hipocrisia ou desmemória tentar desqualificar a movimentação de Camarão como se fosse algo inédito ou impróprio. O vice-governador de hoje apenas repete o caminho trilhado pelo então vice-governador de ontem. Felipe Camarão só faz hoje o que Carlos Brandão já fez no passado — e diga-se de passagem com muito sucesso, as pesquisas estão aí para provar.