Durante o 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília, o presidente Lula afirmou, diante da militância: “Não basta querer ser candidato, é preciso que o partido também queira”. A fala, que vem sendo distorcida por setores ligados ao Palácio dos Leões, não foi uma alusão direta ao Maranhão, tampouco uma crítica a Felipe Camarão. Na verdade, ela serve como luva para o sobrinho do governador Carlos Brandão, que sonha em ser seu sucessor com o apoio do PT, mesmo sem ter respaldo orgânico dentro do partido.
Nos bastidores, é notório que Camarão é hoje o nome do PT com apoio de figuras centrais como Edinho Silva, Gleisi Hoffmann e do próprio presidente Lula. O resto é construção de petistas “governistas” no Maranhão, que sustentam a tese da “dúvida” como forma de garantir seus cargos e espaços no governo Brandão. Esse jogo duplo virou estratégia: mantém a porta aberta para o governo estadual enquanto aguardam o desenrolar nacional.
Se Lula realmente tivesse mirado Felipe Camarão em sua fala, não teria avalizado a articulação de João Campos (PSB) para entregar o comando da legenda no estado à senadora Ana Paula Lobato e a Othelino Neto , hoje adversários declarados de Brandão. A tentativa de manipular o discurso presidencial revela mais o desespero de manter o PT sob controle do Palácio do que uma real leitura política. Para alguns, a ilusão de apoio virou miragem de oásis no deserto.