Carro do Milhão: uma recente mancha na política ludovicense

Carro do Milhão: uma recente mancha na política ludovicense

 

O Clio ver­mel­ho com mais de 1 mil­hão de reais e o silên­cio ensur­de­ce­dor

Era uma vez um Renault Clio ver­mel­ho, que, por si só, pode­ria pas­sar des­perce­bido entre os tan­tos car­ros que cir­cu­lam pelas ruas de São Luís. No entan­to, este não era um veícu­lo qual­quer. Aban­don­a­do na frente da casa da sogra do médi­co Antônio Car­los Sal­im Braide, mais con­heci­do como “Ton­ho”, irmão do prefeito de São Luís, Eduar­do Braide (PSD), ele guar­da­va um seg­re­do a sete chaves: mais de R$ 1 mil­hão em din­heiro vivo. O aban­dono do car­ro no bair­ro Renascença, em jul­ho pas­sa­do, foi ape­nas o primeiro capí­tu­lo de uma história que, oito meses depois, ain­da se desen­ro­la sem respostas conc­re­tas.

Dono ou fan­toche?

Car­los Augus­to Diniz da Cos­ta foi rápi­do ao reivin­dicar a posse do veícu­lo. Fun­cionário comis­sion­a­do da Prefeitu­ra de São Luís na época, sua declar­ação veio com um preço alto: a exon­er­ação. Mas a tra­ma se com­pli­cou quan­do a Polí­cia Civ­il rev­el­ou que o car­ro esta­va reg­istra­do em nome de out­ra pes­soa. Teria ele sido ape­nas um peão em um tab­uleiro maior? As inves­ti­gações seguem a pas­sos lentos, enquan­to os ver­dadeiros ros­tos por trás do din­heiro con­tin­u­am ocul­tos.

Entre gabi­netes e mal­otes

A história gan­ha con­tornos ain­da mais neb­u­losos quan­do se obser­va as lig­ações políti­cas dos envolvi­dos. Guil­herme Fer­reira Teix­eira, que aban­do­nou o Clio rec­hea­do de cédu­las, era asses­sor de Fer­nan­do Braide, dep­uta­do estad­ual e irmão do prefeito Eduar­do Braide. Já Car­los Augus­to, o supos­to dono do car­ro, tra­bal­ha­va dire­ta­mente na Prefeitu­ra da cap­i­tal maran­hense. O din­heiro encon­tra­do tin­ha des­ti­no cer­to? Era fru­to de um esque­ma mais amp­lo? As per­gun­tas se mul­ti­pli­cam, mas as respostas per­manecem escas­sas.

O teatro das exon­er­ações

Após a reper­cussão do caso, os envolvi­dos foram pronta­mente exon­er­a­dos. Um gesto sim­bóli­co, um ato cal­cu­la­do para acal­mar a opinião públi­ca. Mas será que essa foi a úni­ca medi­da cabív­el? A exon­er­ação serviu para estancar a crise ou ape­nas para afas­tar o prob­le­ma dos holo­fotes? A cada dia que pas­sa, cresce a sus­pei­ta de que a man­cha da cor­rupção não se lim­i­ta­va a ess­es dois nomes, mas a um enre­do muito mais com­plexo e enraiza­do no poder.

O tem­po, ali­a­do dos cul­pa­dos

A Super­in­tendên­cia de Inves­ti­gações Crim­i­nais (Seic) afir­ma que não há pra­zo para o des­fe­cho do caso. O tem­po, esse grande ali­a­do dos que pref­er­em o esquec­i­men­to, corre a favor de quem dese­ja que o Clio do Mil­hão se torne ape­nas uma len­da urbana. Enquan­to isso, a Justiça maran­hense se faz de sur­da e muda, per­mitin­do que a poeira do desca­so cubra as pis­tas ain­da fres­cas do escân­da­lo.
Um Clio cheio de din­heiro, uma cidade cheia de dúvi­das

O Clio do Mil­hão não é ape­nas um car­ro aban­don­a­do com uma peque­na for­tu­na den­tro. Ele é o retra­to de um sis­tema onde o poder se fecha sobre si mes­mo, pro­te­gen­do seus inter­ess­es enquan­to a pop­u­lação assiste, impo­tente. A per­gun­ta que ecoa em São Luís é uma só: quem, afi­nal, eram os ver­dadeiros donos daque­le din­heiro? E, mais impor­tante, por que a Justiça parece tão relu­tante em respon­der?

A políti­ca ludovi­cense, já mar­ca­da por escân­da­los, ago­ra car­rega mais uma feri­da expos­ta. O Clio do Mil­hão é um retra­to de um sis­tema que opera nos basti­dores, onde fig­uras de segun­do escalão assumem cul­pas que, pos­sivel­mente, não são ape­nas suas. E, enquan­to os ver­dadeiros respon­sáveis seguem à som­bra, São Luís con­tin­ua a assi­s­tir, per­plexa, a esse espetácu­lo de impunidade.

A ver­dade é que todos os cam­in­hos lev­am ao prefeito de São Luís…

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