O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), desabafou sobre o distanciamento entre ele e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, seu ex-aliado político. Segundo Brandão, Dino tem evitado qualquer diálogo desde que assumiu a cadeira no STF, no início de 2023. “Ele se recusa a me ouvir e está tomando as dores dos meus opositores”, afirmou o governador, que se diz disposto a resolver qualquer pendência em nome da pacificação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanha de perto a crise entre os dois e já tentou promover uma reconciliação. No final do ano passado, Lula chegou a marcar um encontro para Brandão e Dino conversarem, mas a reunião foi adiada por conta da cirurgia intracraniana do presidente. Agora, a expectativa é que o encontro aconteça após o Carnaval.
A tensão entre Brandão e Dino se agravou com decisões judiciais que impactaram diretamente o governo maranhense. Uma das principais polêmicas envolveu a suspensão, por decisão de Dino no STF, do processo de escolha de um novo membro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), indicado por Brandão. A justificativa foi a falta de clareza e segurança jurídica na nomeação, o que gerou ainda mais atritos entre os dois ex-aliados.
O rompimento também tem reflexos no cenário político para as eleições de 2026. Brandão ainda não decidiu se disputará uma vaga no Senado, o que exigiria sua renúncia ao governo até abril do próximo ano. Caso isso ocorra, quem assume o comando do estado é seu vice, Felipe Camarão (PT), aliado de Dino e pré-candidato ao governo. Nos bastidores, no entanto, Brandão avalia que Camarão não teria força suficiente para vencer a disputa estadual se não estiver sentado na cadeira de governador.
Familiares e alguns assessores mais próximos defendem que Brandão permaneça no governo até o fim do mandato e concentre seus esforços na eleição de seu sobrinho, Orleans. No entanto, alguns analistas políticos avaliam que essa estratégia tem grandes chances de fracassar, que o meio mais viável era concorrer ao senado e se tornar Senador da República.