O líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), aliado de primeira hora do governador Carlos Brandão e que tem o irmão como secretário no governo do Maranhão, escancarou nesta terça-feira (2/9) a guinada bolsonarista do partido ao declarar apoio à anistia em reunião com Hugo Motta. O movimento evidencia o rompimento gradual com o governo Lula e, ao mesmo tempo, reforça a suspeita de que Brandão nunca foi de fato aliado do presidente petista.
Nos bastidores do Palácio dos Leões, a articulação de Brandão é cada vez mais clara: tijolo por tijolo, ele reconstrói a direita maranhense com a chancela de figuras como Aluísio Mendes, Mical Damasceno, Yglésio Moyses e Maura Jorge. Ex-tucano que migrou para o PSB apenas por conveniência, Brandão nunca se sentiu confortável vestindo a camisa do socialismo. Agora, em pleno governo, mostra que suas origens azuis falam mais alto.
Não é segredo que a direita bolsonarista, antes inimiga declarada do grupo que governa o Maranhão desde 2014, hoje ocupa cadeiras cativas no primeiro escalão estadual. Secretarias estratégicas foram entregues a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto pautas progressistas perderam força dentro da gestão. O discurso de Brandão em apoio a Lula soa como deboche para os maranhenses, já que, na prática, suas alianças fortalecem adversários do presidente.
O certo é que em Brasília cresce a resistência contra Brandão. Ministros e aliados próximos de Lula já rejeitam qualquer aproximação, e um gesto simbólico foi a entrega do comando do PSB à senadora Ana Paula, vítima recente de um discurso misógino do governador. Tucano de origem, Brandão nunca esteve à vontade no campo progressista — apenas usou o espaço como conveniência política para manter-se no poder.