Nos bastidores do Palácio dos Leões, Carlos Brandão articula, tijolo por tijolo, a reconstrução da direita maranhense. E não é mais segredo: nomes como José Sarney, Aluísio Mendes, Mical Damasceno, Yglésio Moyses e Maura Jorge estão cada vez mais presentes nas engrenagens do governo estadual. O governador, que migrou do PSDB para o PSB, nunca vestiu com conforto a camisa do socialismo — e agora, o velho tucano mostra suas penas azuis em pleno ninho da esquerda.
A direita bolsonarista, que até ontem fazia oposição ferrenha ao grupo que comanda o estado desde 2014, hoje tem cadeiras cativas no primeiro escalão. Secretarias estratégicas já foram entregues a aliados de Jair Bolsonaro, e as pautas progressistas são cada vez mais escanteadas. Brandão parece confortável nesse novo papel de maestro de uma sinfonia conservadora — desafinando, inclusive, com os princípios que ele mesmo jurou defender quando subiu ao poder ao lado de Flávio Dino.
Na prática, o que se vê é um governo que empurra a esquerda para fora da cena, enquanto acena com afeto à base de apoio da extrema-direita. O silêncio de Lula sobre a disputa local alimenta as apostas de que, caso o apoio ao sobrinho do governador — o controverso “Orleans” — não se concretize, Brandão não hesitará em romper com o PT e selar de vez o destino conservador do Maranhão.
O projeto é claro: vestir o manto da direita com as vestes do Palácio. Os Leões, outrora símbolos da resistência e da renovação política, agora rugem em outra direção. E Brandão, cada vez menos socialista e cada vez mais pragmático, vai abrindo caminho para que a velha guarda volte ao poder pelas portas que ele mesmo escancarou.